Obeservâncias Poético-reflexivas:
O desbunde teatral da atuação e desempenho d@s atore/as do Levanta Favela nos trás a idéia de que o superar os limites físicos,morais,psico-subjetivos e intelectuais para montar,e apresentar Medeamaterial são de uma vivacidade,e maturidade de transcender as suas próprias existências,e vivências cotidianas numa cidade provinciana como Porto Alegre.A masturbação da personagem Jasão vivido por Sandro Marques é a intelectuação sexual numa dialógica politização dos saberes teatrais num nível artísco-cultural de esfaquear o espectador em suas hipócritas concepções de sexualidade de classe média.Portanto,a exposição da personagem desnuda,poeticamente,em plena evolução do espetáculo expondo aquilo que toda a mulher na verdade quer ser,e fazer de maneira extremamente insurgente,e provocadora é contundentemente pedagógico.Porque,a forma que a personagem Medea,magistralmente int erpretada nada menos do que Danielle Rosa tem de questionar o machismo construído,e refletido no seio familiar que amamenta duas crianças de colo gêmeas,cruelmente assassinadas pela Mãe num desrespeito cujo se torna horrenda vingança contra Jasão que trás ao enredo este perfil de homem tirano e autoritário.A traição,e o abandono motiva uma espécie de ódio-dor em Medea que prepara a vingança orquestrada com perversidade e esquizofrenia.A incorporação de elementos semântico-simbólicos de Matriz Africana lembra de fato o Teatro Político Negro mesmo não sendo pelo grupo/elenco ressignifica esta obra clássica.A profundidade poético-intelectual densa nos faz mergulhar nas reflexões sobre as transgressões do seio familiar de hoje.Há assuntos abordados neste espetáculo de teatro de vivências o qual remontam esta contemporaneidade vigente.A família destruída pela traição,em específico do homem,num perfil psico-ideológico extremamente andr ocrático.A mulher com sede de vingança toca o marido com um Ebò bem feitinho,artesanalmente milenar.Demonstra que a história se repete,num ambiente medieval.O conteúdo transcrito pelos autore/as-atores-atrizes é de um caracter carregado de simbologias numa indolência existencial das personagens.A dor de Medea ao ser traída,a dor de Jasão de sentir o assassinato de ambos filhos.Causa horror,asco e incertezas sobre a perda de humanidade em detrimento da insanidade.Perdemos valores éticos,dogmas morais no qual subvertem a ordem vigente de convivência societária.Há uma sensação de excitação estético-sexual,num contexto chave de nos fazer refletir sobre o material humano,sobre o potencial humano,sobre nossa capacidade de nos auto-reconhecermos em meio ao sangue.O sangue é o extermínio cotidiano da juventude negra e pobre,o sangue são as milhões de mulheres que são mortas por seus maridos,são as crianças mortas por seus próprios pais.É o pai matando o fi lho,e o filho matando o pai,é a mãe que mata a filha e vice-versa.Vivemos neste cenário antropofágico,como diria Oswald Andrade e seu Discípulo Glauber Rocha dois Mestres Revolucionários e Profetas que previram tudo o que está se sucedendo.Desejamos fuder com o outro,desejamos comer o rim daqueles adversários,ansiamos em traçar mulheres que consideramos bonitas e sedutoras.Portanto, Medea é dialógica e libertariamente contemporânea do ponto de vista historiográfico e simbólico.A antropofagia está pensadamente inserida ou não,ou inconscientemente inserida no âmago do enredo costurado cenicamente pelo/as atuadores do Levanta Favela.Aí há um R de guerrilha teatral.Axé!
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