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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Breve relato sobre o processo da Revolta da Chibata e as oficinas ao público infantil na ocupação Lanceiros Negros


A Cambada de Teatro em Ação Direta Levanta Favela, em uma de suas oficinas abertas, trabalhou o texto, de Cesar Vieira – jornalista, dramaturgo e ator do grupo de teatro popular União e Olho Vivo – João Cândido e a Revolta da Chibata. Neste trabalho de oficinas de teatro militante à música engajada às quintas-feiras foi apresentado, num ato único, João Cândido e a Revolta da Chibata como conclusão da oficina e exercício cênico prestado dentro da programação da Usina das Artes(sala 505 da Usina do Gasômetro). Os textos do autor dentro do histórico de processos da Cambada de Teatro é presente com os textos Rei Momo e Corinthians Meu Amor, adaptados para teatro de rua. Com a estreia da montagem do texto Morte Aos Brancos: A Lenda de Sepé Tiaraju (Cesar Vieira) na mesma semana que a apresentação do exercício cênico da oficina, dentro de uma programação do projeto Funarte Mãos na Terra. A parceria da Cambada de Teatro com o autor e o grupo União e Olho Vivo trouxe para um encontro César Vieira e Graciela Rodriguez que ministraram seminários sobre o teatro popular e de rua. Foi o cenário que deu ganas aos oficinados a adaptar o trabalho sobre João Cândido para rua, exercida numa amostra ao autor no dia do seminário. A adaptação foi a engrenagem que moveu João para a rua. Com a proposta do elenco refletindo-se na proposta da oficina, os interessados no movimento ensaiariam e praticariam o exercício cênico; “Revolta da Chibata” criou um contexto de discussão nos movimentos sociais, com a primeira apresentação no Assentamento Filhos de Sepé, seguindo na programação do PopRua na Vila Farrapos,  a Batalha de Rap pela Emancipação na Praça da Emancipação em Canoas, no Me Apoia Ai Sararau do grupo de acolhimento de pessoas em situação de rua na praça Garibaldi e novamente no Assentamento Filhos de Sepé no Encontro das Mulheres do MST.  Meio a uma onda de ocupações de escolas públicas no Brasil, a falta de professores deu iniciativa ao grupo de iniciar oficinas de teatro na escola municipal de ensino fundamental Santa Luzia, com assiduidade semanal de três oficinas, a “Revolta da Chibata” foi então trabalhada diretamente com alunos do ensino fundamental. A apresentação do exercício cênico, então adaptada com os alunos da escola Santa Luzia, que fora também ocupada após a concordância entre todos os alunos e a pesquisa política e social gerada pelos mesmos, ocorreu, nela os alunos revogam os seus direitos como cidadãos brasileiros em “Revolta da Chibata Primeira Linha: O manifesto”. (vídeo) A ocupação no centro da cidade de Porto Alegre para famílias em busca de moradia, Lanceiros Negros, convida o grupo Levanta Favela para fazer um trabalho de base com oficinas de teatro dentro da ocupação ao público presente, os moradores. Os participantes das oficinas iniciadas no dia 1º de maio na ocupação Lanceiros Negros são crianças ou pré-adolescentes entre 4 e 14 anos, dentre os jogos cênicos; além do cunho político-social das propostas dos improvisos, a história e o texto sobre João Cândido também foi abordado. A assiduidade das oficinas variaram de um à três encontros semanais, as crianças assentadas na ocupação tornaram-se público e as principais movedoras do processo de discussão social dentro do trabalho teatral nas oficinas. O convite para uma apresentação na sala da Cambada de Teatro em julho para os oficinados da ocupação deu um prazo e um desafio à crianças de 4 à 14 anos ensaiarem e apresentarem “Revolta da Chibata”. Em um mês as crianças já havia tomado as rédeas do texto, invertendo os papéis entre eles, criando uma memória física, um contexto de discussão das suas vivências no espaço. A apresentação do exercício “João Cândido: Resiste Lanceiros” no dia 31 de julho, na sala 505 da Usina do Gasômetro pelas crianças que resistem na Ocupação Lanceiros Negros teve o público alvo atingido. As oficinas seguiram nas quartas-feiras, com uma apresentação do mesmo ato feita na semana acadêmica de história na universidade Ulbra Canoas as crianças decidiram não trabalhar mais esse texto, em busca de outros assuntos a serem tratados.  As oficinas acontecem ainda com a mesma assiduidade e todos os integrantes interessados em praticar o jogo teatral com as discussões políticas e sociais propostas pelo grupo.